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Mario Schenberg
O artista plástico fluminense Ivald Granato é um dos principais nomes das artes plásticas do Brasil. Nascido em Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro, em 1949, o artista começou sua história no Rio, na Escola de Belas Artes, onde ingressou em 1967. Um ano mais tarde já integrava o grupo vanguardista “Nova Figuração Brasileira” e em 1969 representou o Brasil na Bienal de Paris com quadros marcados pela originalidade. Logo chamou a atenção pelo “dinamismo frenético da composição e a força da cor” e ganhou um prêmio de pintura no Museu de Arte Moderna (MAM-RIO). Chamou a atenção do colecionador Gilberto Chateaubriand e passou a integrar sua coleção já nesta época. “Vieram para minha coleção os trabalhos de Ivald Granato, então jovem artista emergente, aluno da Escola de Belas Artes, um centro de reunião dos mais irreverentes da cidade. Irreverente como ele que, desde então, traçou um longo caminho”, afirma Chateaubriand em texto publicado no livro sobre a trajetória do artista, “Gesture and Art” (O Gesto e a Arte).
No início dos anos 70, Granato muda-se para São Paulo, transformando a cena paulistana com sua verve livre e provocadora. Do ponto de vista da expressividade, foi o artista mais eloquente de sua geração e precursor da arte performance no Brasil. Pintor, desenhista, escultor, performer e grande agitador e influenciador cultural, Granato sempre teve este caráter multifacetado, propondo coragem e ousadia, características fundamentais para os artistas de hoje, especialmente frente ao momento desafiador que vivemos. O artista esteve envolvidos em todos os movimentos vanguardistas de sua geração e tinha uma arte comprometida com a modernidade. Em 1978, criou e organizou o happening “Mitos Vadios” uma contestação bem humorada à Bienal Latino Americana intitulada “Mitos e Magias” reunindo todos os artistas mais importantes da época, como Ligia Clark, Hélio Oiticica, Ana Maria Maiolino, Rubens Gerchman,, Arthur Barrio, Claudio Tozzi, José Roberto Aguilar, Gregório Gruber e muitos outros. “Mitos Vadios” foi um marco de uma época pregando a liberdade total de espaço e produção, o pluralismo, e mudou a pauta da Bienal, além de influenciar fortemente a vida de muitos artistas.
Granato trabalhou incansavelmente por 50 anos. Faleceu, subitamente, em sua casa-ateliê em Alto de Pinheiros, São Paulo, aos 66 anos. O acervo do artista é um legado para a arte do Brasil e do mundo.
“Ivald Granato é um artista com 50 anos de trabalho e pesquisa permanente e contínua. Nesse período, desenvolveu uma extensa obra de alta criatividade, rigorosa e expressiva, na qual incursionou nas mais variadas técnicas e procedimentos, com igual maestria, e que resulta em pintura, desenho, gravura, objeto, sistemas de multimídia, performances, cerâmica, escultura, edição de livros de arte e documentais. Um conjunto estético, cultural e histórico, impressionante pela qualidade, oportunidade histórica e quantidade. É possível entender a histórica psíquica e a cultura brasileira através da ação de Ivald Granato nessas décadas, tão importante é este trabalho e de tal maneira ele foi capaz de expressar suas inquietudes, a criatividade e os desejos do país. É essa realidade concreta, a monumental obra criada, que tornou o seu trabalho uma polaridade visual. O caminho brasileiro em direção a uma cultura de massa tem na sua obra uma linha de tempo que pode servir de paradigma. É difícil entender a história da arte brasileira sem levar em conta a presença de Ivald Granato”, trecho do texto do crítico e curador de arte Jacob Klintowitz para o livro do artista “Gesture and Art” (O Gesto e a Arte).